terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Borboleta na vidraça

Despertei na manhã deste primeiro dia do ano e fiquei  com os pensamentos à deriva. Tivéramos de véspera uma ceia maravilhosa em família e me permiti ficar mais tempo na cama, numa preguiça gostosa. Subitamente, meu olhar foi atraído pelo ruflar das asas de uma  colorida borboleta na vidraça. Levantei-me e fui até a porta de vidro da sacada. Fiquei observando a linda borboleta pousada no vidro. Suas asas tinham diversas nuances de azul, com algumas manchas mais escuras. Há um mágico encanto nesses voadores diurnos, que iniciam a vida como lagartas num casulo e depois abandonam as crisálidas para alçar vôos no infinito. Um ato de renascimento, de liberdade. Lembrou-me o poema  "Meus oito anos" , do poeta Casimiro de Abreu
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais! ...
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... Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Em algumas culturas, as borboletas são o símbolo da alma, espíritos viajantes que prenunciam acontecimentos alegres, visitas, longevidade. Para mim , naquela manhã em especial, significou a verdadeira metamorfose pela qual minha vida passou  e a certeza de dias felizes em cada novo amanhecer. (Neuza de Souza)